Glórias do Passado: Edmur

 

Edmur


Revendo a longa história do Vitoria SC sobressai, notoriamente, o nome do futebolista brasileiro Edmur, não só por se tratar de um dos maiores goleadores de sempre do clube vimaranense, mas também porque, ainda hoje, é reconhecido como um dos melhores jogadores que alguma vez envergaram a camisola vitoriana.

Para além da particular história que o relaciona com o Vitoria SC, Edmur também tem o seu nome registado a letras douradas na história do futebol português. Ingressando no Vitoria SC no final da década de 50, o brasileiro Edmur surpreendeu todo o futebol nacional com a quantidade e qualidade dos golos que apontava, acabando mesmo por ser considerado, naquela altura, como o melhor jogador estrangeiro a actuar no futebol português.

Além disso, no final da temporada de 1959/60, com os 25 golos que apontou ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Edmur tornou-se também no primeiro futebolista estrangeiro a conquistar o prémio de melhor marcador da principal competição portuguesa.

No entanto, bem antes de brilhar nos campos de futebol em Portugal ao serviço do Vitoria SC, já Edmur era um jogador muito conceituado no seu país natal, onde representou clubes de grande dimensão, conquistou importantes títulos e chegou a jogar pela selecção brasileira.

Edmur Pinto Ribeiro é natural de Saquarema no Rio de Janeiro, onde nasceu no dia 9 de Setembro de 1929. O seu percurso futebolístico de relevo começa a desenhar-se quando em 1948 surge na equipa principal do CR Flamengo, com apenas 18 anos de idade.

Num jogo particular disputado no dia 12 de Junho de 1948, na cidade de Vitoria do Espírito Santo, no Brasil, entre o CR Flamengo e o Rio Branco AC, o jovem Edmur faria a sua estreia com a camisola flamenguista quando entrou, no decorrer do encontro, para substituir o avançado Jair. Neste histórico jogo, particurlarmente, para Edmur, o CR Flamengo venceu a modesta equipa do Rio Branco AC por 1-6.

A estreia oficial com a camisola do CR Flamengo ocorreu pouco tempo depois, num desafio a contar para o Torneio de Inicio do futebol carioca disputado no dia 4 de Julho de 1948.

O CR Flamengo defrontou o América FC no Estádio General Severiano e Edmur foi titular na frente de ataque do popular mengão. A partida terminaria empatada a 1-1 no tempo regulamentar. No desempate na marcação das grandes penalidades, acabou por vencer o América FC por 1-3.

Entretanto o jovem Edmur fez-se futebolista profissional no CR Flamengo. Todavia, o rol de sonantes estrelas do futebol brasileiro que compunham a frente de ataque do CR Flamengo impedia a fixação definitivamente de Edmur na equipa titular.

Por esse motivo, Edmur acaba cedido ao modesto Canto do Rio FC, da cidade de Niteroi no estado do Rio de Janeiro, durante o ano de 1950. Os seus desempenhos neste modesto clube não passaram porém despercebidos aos clubes de maior dimensão.

Assim, no ano de 1951, o jovem avançado Edmur ingressa no CR Vasco da Gama pela mão do conceituado treinador brasileiro Otto Gloria. No CR Vasco da Gama irá conquistar o primeiro título de relevo nacional no ano seguinte de 1952.
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(Equipa do CR Vasco da Gama no ano de 1952 com as faixas de campeão carioca. Edmur é o 2º sentado a contar da direita)
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Já sob o comando do técnico Gentil Cardoso, numa equipa mesclada com a experiencia de conceituados futebolistas e a juventude de jogadores como Edmur, o CR Vasco da Gama sagrou-se campeão carioca, vencendo o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro do ano de 1952 com considerável vantagem sobre o 2º classificado.

O jovem avançado Edmur, não sendo titular indiscutível, foi sempre uma das principais opções do treinador vascaíno, sobretudo, no decurso da primeira volta da prova. Com os 8 golos que marcou com a camisola do CR Vasco da Gama no campeonato carioca foi o segundo melhor marcador da equipa na competição e no final, orgulhosamente, exibia a sua faixa de campeão.

Edmur destacou-se, essencialmente, nos dois desafios da competição frente ao Bonsucesso FC, onde foi o autor de três golos da vitória do CR Vasco da Gama por 5-2, na primeira ronda, e dois golos no triunfo por 4-1 na segunda volta.

Edmur marcou ainda com a camisola do CR Vasco da Gama nesta competição carioca de 1952 frente ao seu antigo clube CR Flamengo, numa sensacional vitoria vascaina por 3-2, no triunfo sobre o Olaria AC por 2-1 e na vitoria sobre o São Cristóvão FR também por 2-1.
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(Equipa do CR Vasco da Gama em 1952)
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Em 1953 ruma à Associação Portuguesa dos Desportos para continuar a coleccionar títulos e a exibir-se a grande altura. Torna-se titular indiscutível na popular lusa e um dos jogadores mais destacados nesta equipa que era composta por vários jogadores que integraram a Selecção do Brasil no Campeonato do Mundo de 1954 na Suíça.

O grande destaque vai para o ano de 1955 quando a Associação Portuguesa dos Desportos conquista a importante prova denominada Taça Rio/S. Paulo, revalidando o título que já havia conquistado em 1952.
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos na decada de 50)
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(Edmur na Associação Portuguesa dos Desportos)
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos em 1954)
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos em 1955)
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O avançado Edmur é fundamental na conquista deste título. Apontou 11 golos em 11 jogos disputados na competição e assim sagrou-se o melhor marcador do torneio, feito deveras prestigiante.

Com tão brilhante temporada ao serviço da Associação Portuguesa dos Desportos, Edmur foi convocado para integrar a Selecção do Brasil na disputa da Taça Oswaldo Cruz.

Assim, tornou-se internacional brasileiro no dia 17 de Novembro de 1955 no jogo entre o Brasil e o Paraguay disputado no Estádio do Pacaembú, no Rio de Janeiro, que terminaria empatada a 3-3.
(Selecção do Brasil em 1955)
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos em 1955)
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos em 1958)
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(Os atacantes da Associação Portuguesa dos Desportos na decada de 50)
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(Equipa da Associação Portuguesa dos Desportos na decada de 50)
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Depois de vários anos a jogar pela Associação Portuguesa dos Desportos, o avançado Edmur mudou-se para o futebol pernambucano para representar o Clube Náutico de Capibaribe no ano de 1958.

Quando em 1958 Edmur rumou ao Clube Náutico de Capibaribe estava ainda longe de imaginar que era aquele o passo que o iria levar ao encontro do emissário responsável pela sua indicação ao Vitoria SC.

Ao serviço do Clube Náutico de Capibaribe Edmur manteve a sua veia goleadora. Apesar de já ter 28 anos de idade, Edmur mantinha as suas invulgares capacidades futebolísticas intocáveis.
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(Equipa do Clube Nautico Capibaribe em 1958)
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Ao longo desse ano, António Pimenta Machado, o afamado emigrante vimaranense radicado no Recife, dotado de um apurado sentido de escolha, maravilhou-se com as qualidades do brasileiro Edmur e imediatamente indicou a sua contratação ao Vitoria SC que, naquela altura, estava de regresso ao principal escalão do futebol português.

Veio para Guimarães para integrar a equipa do Vitoria SC no início da época de 1958/59 a troco de um ordenado mensal de 1.800. A sua contratação reforçou o sector atacante que já contava com os compatriotas Ernesto Paraíso e Carlos Alberto, também recentemente contratado, jogadores com quem Edmur veio a formar um tridente atacante verdadeiramente maravilhoso.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1958/59)
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(O tridente ofensivo do Vitoria SC, Edmur, Ernesto e Carlos Alberto)
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A estreia oficial de Edmur com a camisola vitoriana aconteceu no dia 21 de Setembro de 1958, no Campo da Amorosa, em Guimarães, num jogo a contar para a 2ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão frente ao CF Belenenses.

Realizando uma exibição realmente notável, com o trio de brasileiros completamente endiabrados a devastar a defensiva azul, o Vitoria SC venceu a equipa do CF Belenenses por 3-0, com Edmur a marcar dois golos, enquanto o seu compatriota Carlos Alberto, o melhor jogador em campo, marcou um golo.
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(Atacantes do Vitoria SC: Bartolo, Edmur, Ernesto, Carlos Alberto, Romeu e Rola)
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(Edmur em acção pelo Vitoria SC na temporada de 1958/59 neste desafio contra o GD Cuf )
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De facto, a estreia de Edmur ao serviço do Vitoria SC não poderia correr de melhor forma. Logo aos 4 minutos de jogo marcou o primeiro golo para o conjunto vimaranense. Já depois do intervalo, concretamente, aos 47 minutos, Carlos Alberto ampliou a vantagem, para Edmur, aos 70 minutos, selar o marcador final favorável ao Vitoria SC por 3-0.

O “Jornal Record”, no comentário àquele encontro entre o Vitoria SC e o CF Belenenses, referia-se a Edmur como uma “estreia a todos os níveis auspiciosa. Um atacante que sabe jogar com os companheiros e a quem não falta, também, decisão na zona de remate. Duas óptimas qualidades reunidas.”
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1958/59)
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(Os brasileiros Edmur, Carlos Alberto, Ernesto e Caiçara)
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Os fervorosos adeptos vitorianos ficaram tão encantados com a performance do avançado Edmur que rapidamente o tornaram num verdadeiro ídolo. E este nunca defraudou as expectativas, de tal forma que, a cada jogo que passava, as sensacionais exibições mantinham-se e os seus golos aumentavam em catadupa.

Como dissemos, a época de 1958/59 marca o regresso do Vitoria SC à 1ª Divisão Nacional. Após a subida de divisão, o Vitoria SC atravessou consideráveis dificuldades financeiras e directivas.
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(O trio temivel do Vitoria SC, Carlos Alberto, Ernesnto e Edmur)
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(Golo de Edmur no Campo da Amorosa frente ao Sporting CP)
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Compreensivelmente, a composição do elenco futebolístico vitoriano para a nova temporada começou a ser gizado tardiamente. Desde logo, o Vitoria SC não conseguiu renovar com o treinador responsável pela subida de divisão, o técnico Fernando Vaz, tendo sido contratado Mariano Amaro, antiga gloria do futebol português e que foi, assim, o primeiro treinador do brasileiro Edmur no Vitoria SC.

Fundamentado, principalmente, no futebol pratico e na fantasia dos seus avançados brasileiros, o Vitoria SC percorreu um caminho notável ao longo do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1958/59, conseguindo obter a melhor classificação de sempre na sua história até então, com um fantástico 5º lugar na tabela classificativa.
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(Carlos Alberto e Edmur em entrevista no final de um jogo)
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Nesta época de 1958/59, o brasileiro Edmur actuou em 23 jogos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, apontando 17 golos na prova, sagrando-se, assim, o melhor marcador da turma vimaranense. Marcou ainda 3 golos em 4 jogos disputados na Taça de Portugal.

No período do defeso, entre o final da temporada de 1958/59 e o início da época de 1959/60, destaca-se, ainda, a deslocação do Vitoria SC, pela primeira vez na sua história, ao continente africano para disputar alguns jogos amigáveis, para os quais tinha sido convidado por alguns vimaranenses radicados em África.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Edmur no Vitoria SC)
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(Edmur, o n.º 8, no Vitoria SC - Sporting CP, no Campo da Amorosa)
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Redundou num grande êxito essa digressão do Vitoria SC, com o clube vimaranense a conquistar inúmeros troféus, exercendo influencia fulcral os desempenhos particulares e os golos de Edmur.

A nova época de 1959/60, traz para Guimarães um novo treinador, o técnico uruguaio Humberto Buchelli, que passa a liderar a equipa do Vitoria SC e, para reforçar a equipa, a principal aquisição é o defesa Caiçara, mais um brasileiro de grande qualidade que chegou por indicação de António Pimenta Machado.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Os quatro brasileiros do Vitoria SC: Edmur, Carlos Alberto, Ernesto e Caiçara)
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(Edmur na area do Sporting CP)
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Os atacantes brasileiros do Vitoria SC: Carlos Alberto, Ernesnto e Edmur)
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O Vitoria SC faz uma primeira volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1959/60 em grande estilo terminando a primeira metade da prova classificado na 3ª posição da geral.

Já a segunda volta é bem mais fraca, onde o Vitoria SC conquista somente 5 pontos, certamente, em consequência do desgaste causado com a digressão ao continente africano no início da temporada. No final da época, a equipa vimaranense terminaria o Campeonato Nacional da 1ª Divisão no 7º lugar da classificação, uma posição tranquila e meritória.
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(Plantel do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(A cerimónia da entrega da "Bola de Prata" a Edmur)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Edmur recebendo a "Bola de Prata")
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Todavia, o Vitoria SC teve um grande protagonista nesta temporada de 1959/60. O brasileiro Edmur que venceu o troféu de melhor marcador do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, arrecadando assim o troféu a “Bola de Prata”, prémio instituído pelo jornal “A Bola”.

O avançado vitoriano Edmur apontou 25 golos ao longo da competição, superando na classificação dos melhores marcadores o jogador do Sporting CP, Fernando, autor de 22 golos e José Aguas e José Augusto do SL Benfica, ambos com 19 tentos cada.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Edmur exibindo o troféu "Bola de Prata" aos adeptos vitorianos)
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Carlos Alberto, Daniel, Edmur e Ernesto)
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No Campeonato Nacional da 1ª Divisão da época de 1959/60 realizou um media impressionante de um golo por jogo. Disputou 25 jogos na prova, apontando, como se disse, um total de 25 golos. Já na Taça de Portugal, Edmur marcou 4 golos em 5 jogos disputados.

Edmur, considerado então como o melhor jogador estrangeiro a jogar no futebol português e um goleador famoso, revelava-se um futebolista com uma técnica perfeita e um remate temível e certeiro.

Com um faro de golo impressionante, sempre de cabeça erguida virada para a baliza adversária, Edmur surgia sempre no lugar certo para, com arte e requinte, finalizar as jogadas de ataque do Vitoria SC.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1959/60)
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(Os brasileiros do Vitoria SC: Carlos Alberto, Caiçara, Edmur e Ernesto)
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1959/60)
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(Bartolo, Edmur, Azevedo, Carlos Alberto e Daniel)
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Seguiu-se a ultima temporada de Edmur no Vitoria SC. Nesta época o Vitoria SC subiu mais um degrau na hierarquia do futebol português ao atingir o 4º lugar na tabela classificativa do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, o qual correspondia, até aquela altura, à melhor classificação de sempre do clube na principal competição nacional.

Esta temporada iniciou-se com a entrada de um novo treinador para o Vitoria SC, o técnico Artur Quaresma, uma antiga glória do CF Belenenses. Edmur conhecia assim o seu terceiro treinador no Vitoria SC.
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(Plantel do Vitoria SC na época de 1960/61)
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(Edmur no Vitoria SC)
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No início desta temporada de 1960/61 os responsáveis do Vitoria SC, numa decisão polémica, decidiram dispensar os serviços do brasileiro Carlos Alberto, parceiro de Edmur no sector atacante.

O ataque do Vitoria SC passou então a ser formado, essencialmente, por Bartolo, Pedras, Edmur, Romeu e Azevedo. Do famoso trio brasileiro restava Edmur, pois Carlos Alberto havia sido dispensado e Ernesto Paraíso tinha perdido a titularidade.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1960/61)
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(Caricatura de Edmur com as cores do Vitoria SC)
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Na 1ª volta do Campeonato Nacional da 1ª Divisão da temporada de 1960/61 um Vitoria SC tem um desempenho mediano, concretizando alguns resultados contraditórios, terminando a 1ª metade da competição em 5º lugar.

Já no decorrer da 2ª volta da principal competição nacional, o Vitoria SC, praticamente, pulverizou todos os adversários com um futebol brilhante e digno de realce em toda a comunicação social.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61) .
(Celu, Ernesto e Edmur)
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A equipa do Vitoria SC era realmente imparável terminando então o Campeonato Nacional da 1ª Divisão na 4ª posição da tabela classificativa, atrás do SL Benfica, que foi campeão nacional, o Sporting CP, vice-campeão, e o FC Porto, o 3º colocado.

Para a obtenção desta classificação brilhante foi decisiva, novamente, a acção do avançado brasileiro Edmur. O craque vitoriano alinhou em 23 jogos da principal liga nacional, tendo apontado 15 golos, tornando-se, mais uma vez, no melhor marcador da equipa vimaranense. Assinale-se, ainda, nesta época de 1960/61, a participação de Edmur em 6 encontros a contar para a Taça de Portugal, onde marcou 4 golos.
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(Equipa do Vitoria SC na época de 1960/61)
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(O brasileiro Edmur em pleno Estádio das Antas)
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No final da época de 1960/61, Edmur, apesar dos 32 anos de idade, voltou a ser alvo de vários convites para rumar a outras paragens. O jogador e o Vitoria SC chegaram a selar um acordo de transferência para o CF Belenenses.

Os responsáveis do CF Belenenses procuravam reforçar o sector atacante. Precisavam objectividade, força e maturidade para a linha avançada e, para isso, ninguém melhor que o brasileiro Edmur para desempenhar esse papel.
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(Equipa do Vitoria SC na temporada de 1960/61)
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(Edmur proximo do guarda-redes adversario)
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Toda a imprensa noticiou a aquisição do magnífico futebolista pelo CF Belenenses, todavia, dias mais tarde, a Direcção do clube do Restelo não aprovou a contratação com os argumentos que a transferência era muito cara e o jogador velho.

Gorada a transferência para o CF Belenenses, Edmur acabou por ser contratado pelo RC Celta de Vigo, com o clube vimaranense a realizar um importante encaixe financeiro com a transferência do jogador.

Era o ponto final numa ligação eternamente memorável entre o jogador brasileiro, o Vitoria SC e Guimarães, cidade onde Edmur, reconhecia, passou os melhores anos da sua vida.

Ao serviço do Vitoria SC, Edmur realizou três épocas de sonho. Alias, os registos particulares do avançado brasileiro com a camisola vimaranense não mentem e revelam-se verdadeiramente impressionantes.

Ao longo das três temporadas, Edmur realizou 86 jogos oficiais com a camisola do Vitoria SC, entre partidas do Campeonato Nacional da 1ª Divisão e da Taça de Portugal, tendo apontado 68 golos no cômputo geral.

Edmur prosseguiu então a sua carreira de futebolista no RC Celta de Vigo na época de 1961/62. A sua passagem pelo clube espanhol não foi, porem, tão brilhante como o período que vivei em Guimarães e apenas durou uma temporada.

A equipa galega do RC Celta de Vigo militava no Campeonato Nacional da 2ª Divisão e tentava a subida ao escalão principal do futebol espanhol. Edmur marcou apenas dois golos nos 14 jogos oficiais disputados pelo RC Celta de Vigo e conquistou um troféu, a Taça Emma Cuervo.

E o seu primeiro golo apontou-o logo no jogo de estreia com a camisola celeste num encontro entre o RC Celta de Vigo e o CD Atlético Baleares. Já o seu segundo golo foi apontado no desafio da 4ª jornada do Campeonato Nacional da 2ª Divisão espanhola que opôs, num derby galego, o RC Celta de Vigo e o RC Desportivo da Corunha que terminou empatado a 1-1.

Com o decorrer da competição, o brasileiro Edmur foi perdendo protagonismo na equipa do RC Celta de Vigo, que voltou a falhar o objectivo de subir ao primeiro escalão, acabando por terminar a competição no 6º lugar da classificação da Serie A da 2ª Divisão Nacional de Espanha.

No final da temporada Edmur decidiu voltar a Portugal e foi contratado pelo Leixões SC e onde foi encontrar Ferreirinha e Azevedo antigos companheiros no tempo em que representou o Vitoria SC.

Nesta época de 1962/63, militando 1ª Divisão Nacional, a equipa leixonense, treinada por Lourival Lorenzi, foi mesmo a grande sensação da prova, alcançado um notável 5º lugar na tabela classificativa.
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(Equipa do Leixões SC na época de 1962/63)
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(Edmur no Leixões SC)
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Edmur, já veterano e longe dos tempos áureos do Vitoria SC, foi titular na equipa do Leixões SC e contribuiu para a excelente campanha realizada pela formação de Matosinhos no Campeonato Nacional da 1ª Divisão.

Foi totalista da equipa do Leixões SC na principal competição nacional, alinhando em todos os 26 jogos da prova e sendo o autor de 9 golos, conseguindo, dessa forma, tornar-se o melhor marcador da sua equipa.
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(Jogo entre o Leixões SC e o CF Belenenes na época de 1962/63 com Edmur na jogada)
. (Novamete Edmur ao serviço do Leixões SC frente ao CF Beleneses na época de 1962/63)
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Regressou ao Brasil no final desta temporada de 1962/63 e foi jogar para a AA Portuguesa, do Rio de Janeiro, rumando, depois, para o futebol venenzuelano, onde foi representar durante três temporadas, com grande sucesso, muitos golos e vários títulos, o Desportivo Itália, da cidade de Caracas.

Foi jogando na Venezuela, ao serviço do Desportivo Itália, que Edmur abandonou a carreira de futebolista profissional. Ainda voltou a jogar futebol, é certo, embora, desta vez, tivesse acumulado funções de jogador com as de treinador.

Depois de alguns anos a viver no Brasil, as saudades e a família fizeram-no regressar a Portugal e a Guimarães no ano de 1972. Começou por concluir o curso de treinador de futebol a passou a exercer o cargo de técnico.

Começou, com 43 anos de idade, a comandar a equipa do Aliados de Lordelo na temporada de 1972/73. Apesar da idade, mas com excelente forma física, Edmur ainda acumulou as funções de treinador com as de jogador.
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(Edmur)
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Continuou a sua carreira no futebol apenas como treinador e desempenhou trabalhos bastante meritórios em vários clubes secundários da região norte. Foi treinador da AD Fafe, no Gil Vicente FC, no USC Paredes, no Moreirense FC e AR S. Martinho do Campo. Terminaria a carreira de treinador de futebol com mais de 70 anos de idade no início da década de 80 comandando, novamente, a equipa vimaranense do Moreirense FC.
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(Plantel da AD Fafe na época de 1973/74)
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(Equipa do Moreirense FC na temporada de 1980/81)
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(Na decada de 70 nas velhas guardas do Vitoria SC)
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(Velhas guardas do Vitoria SC na decada de 70)
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(Edmur com a filha)
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Ainda permaneceu em Guimarães durante vários anos da sua vida, onde montou uma escola para jovens, uma academia de manutenção e nunca deixou de seguir o seu clube de coração, o Vitoria SC.

Na cidade de Guimarães também se radicou a sua família e ainda hoje aqui vivem alguns dos seus filhos. Entretanto, o velho Edmur decidiu regressar ao Brasil, onde viria a falecer no dia 25 de Setembro de 2007.
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(Edmur)
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(Edmur com o filho no seu ginásio em Guimarães)
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(Edmur junto ao Castelo de Guimarães)
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(Edmur)
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(Edmur Pinto Ribeiro com 70 anos de idade)
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O Vitoria SC, os vitorianos e os vimaranenses em geral nunca esqueceram um dos melhores jogadores da sua história e sua louvável dedicação que Edmur sempre prestou ao clube.

Em Dezembro de 2007, aquando da celebração do 85º aniversário do Vitoria SC, o clube inaugurou oficialmente a sua sala de troféus e, em homenagem ao memorável jogador, baptizou-a com o nome de “Sala de Troféus Edmur Pinto Ribeiro” onde mora, entre outras, o celebre troféu a “Bola de Prata” que Edmur conquistou na temporada de 1959/60.
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(Placa da homenagem a Edmur Pinto Ribeiro na sala de troféus do Vitoria SC)


Autor: Alberto de Castro Abreu

PARABÉNS PELO EXCELENTE TRABALHO QUE DEDICOU AO GRANDE "EDMUR" AINDA
HOJE RECORDADO COM MUITO CARINHO PELOS SÓCIOS E SIMPATIZANTES DO NOSSO "VITÓRIA"
 
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
 
Excelente trabalho. Que grande jogador que era o Edmur. Eu creio que o Edmur do C.D. Aves de 1985/86 era filho dele. Poderei estar errado, mas...
 
grande jogador...!!!
 
Parabéns pelo texto!
Tenho uma foto do Edmur na seleção brasileira onde ele está sozinho e é bem nítida (se vcs quiserem para alguma coisa.)
E o Edmur do C.D. Aves é o único filho homem dele, as outras são mulheres!No total são 4 filhos!
E a que aparece na foto é a Filha mais velha dele Maria de Fátima
Bjuss
 
Minha carissima Bia,

Antes de mais obrigado pela sua visita e pelo seu comentário.

Gostavmos bastante de ter essa foto de Edmur com a camisola do Brasil.

Se lhe for possivel poderá enviar para o email: gloriasdopassado@gmail.com

Saudações Vitorianas,

Alberto de Castro Abreu
 
Sou angolano e meu nome é Edmur o qual me foi dado pelo grande sucesso do Edmur jogador nos anos 1959/60 em Portugal segundo meu falecido pai.O engraçado disso é que ele me contava que era um grande jogador brasileiro.Hoje moro no brasil em Saquarema e fui pesquisar a origem do cara que serviu de inspiração para meu nome e surpresa maior foi saber que ele nasceu em Saquarema.Hoje conheço pessoas que ainda se lembram dele aqui em Saquarema.Coincidências da vida que não tive tempo de contar para meu falecido pai. É destino!
 
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